Hoje foi dia de arrumações...
O meu quarto já estava a precisar..passei o dia a organizar as pilhas de dossiers dos 2 primeiros anos de faculdade, as sebentas e os livros e as toneladas de textos que nos são impingidos, textos esses que se olhamos uma vez que seja para eles já é muito, mas são SEMPRE, muito importantes para " o nosso desenvolvimento"...sim sim, nota-se!
Bem mas voltando às arrumações....depois da papelada organizada, atirei-me ao roupeiro para voltar a arrumar a minha roupinha como gosto (separada por cores e outras mariquices do género...), andava eu nestas andanças quando encontro uma caixa “escondida” no fundo do roupeiro…
Peguei na caixa pensando pensando ser daquelas que está cheia de recordações dos tempos de adolescência, jamais esperava o que iria encontrar. Dentro da caixa estavam as minhas antigas sapatilhas de ballet… a emoção atingiu-me o coração e as lágrimas precipitaram-se para os olhos….
Fiz dança clássica durante dez anos, o meu sonho era ser bailarina…sempre adorei dançar e estar em palco para mim era simplesmente mágico.
Foram tempos muito felizes, infelizmente uma lesão deitou por terra o sonho de fazer da dança uma profissão.. já não pensava nessa época da minha vida há bastante tempo, contudo agora, com as sapatilhas diante mim, as memórias voltaram, as sensações, os sentimentos…
Comecei a dançar devia ter uns três anos e desde oo primeiro dia que me apaixonei completamente pela dança…ainda hoje adoro dançar e a verdade, é que sentido falta de me pôr por ai em pontas..
Tudo naquele mundo me fascinava….e fascina!
A elegância e a beleza, o flutuar delicado dos tecidos que se mexem a cada pirueta, a cada Gran pliê
Tudo é entrega é paixão..sim é preciso paixão e uma dedicação imensa para nos dedicarmos a esta arte..são muitas horas em frente a um espelho, com uma perna em cima na barra…horas a fio a treinar flexibilidade, a treinar o equilíbrio para que quando vamos para palco com os fatos de “princesa” e as sapatilhas de ponta pareça que andamos em cima das nuvens e que é tão natural andarmos assim como respirar!
De facto para mim dançar era tão essencial como respirar, por isso quando o ballet saiu da minha vida, tive que procurar outra paixão, não que substituísse a dança pois isso era de todo impossível, mas que me fizesse libertar e sentir viva da mesma forma que dançar fazia…
Não resisti e calcei as sapatilhas, apertei as fitas de cetim em volta das pernas..ainda me lembro como se faz, acho que deve ser como andar de bicicleta..não se esquece!
Ao calçar as sapatilhas voltei a sentir-me bailarina..voltei aos sonhos de menina, ao sonho inocente que desejava com todas as minhas forças poder tornar-se real…voltei a acreditar que seria possível…
Levantei-me….pus-me em pontas e…. PUF, a sensação ainda cá está, o sorriso rasgou-me o rosto, voltei de facto, embora por breves instantes, a ser bailarina!
Acho que no fundo, apesar de “ter arrumado as sapatilhas”, continuo a ser bailarina, a adorar palcos e a deslizar em pontas, mesmo que em sonhos….Passe o tempo que passar acredito que serei sempre uma bailarina…